quarta-feira, 6 de abril de 2011

Caminhada Neco Mineiro começa sábado

A dupla de aventureiros Jesus Vicente e Reinaldo Oliveira parte na manhã deste sábado (9) da rua Moreira César, centro de Sorocaba, com destino a Canudos, cidade histórica no noroeste baiano.
Esta é a quarta aventura do gênero da dupla, que leva o nome de Caminhada Neco Mineiro. A última caminhada da dupla foi em abril de 2007, quando os aventureiros percorreram os 1,6 mil quilômetros entre Araçariguama e Asunción, no Paraguay, em dez dias com a ajuda de 49 caronas.
Os caminheiros partem a pé às 9h deste sábado da rua Moreira César e vão contar com a sorte das coronas para percorrer os mais de 2,5 mil quilômetros que separam Sorocaba de Canudos em 12 dias de aventura.
“Vamos sair a pé em direção ao Éden, Itu, Campinas, Mogi Mirim, Mococa e vamos embora, sempre contanto com a ajuda das caronas”, explica o jornalista Jesus Vicente.
Araxá, Pato de Minas, Januária, Carinhanha, Bom Jesus da Lapa, Iraquara, Cafarnaum, Jacobina e Senhor do Bom Fim formam a base do roteiro, “mas isso pode mudar muito. Numa viagem a pé e de carona a todo instante você está vivendo o inesperado, inclusive com a alteração do roteiro”, diz Reinaldo Oliveira.
Reinaldo caminha por trecho de terra da  BR 153 perto de Tibaji, PR 

Quarta vez
Sorocaba-Canudos é a quarta edição da Caminhada Neco Mineiro, que começou em 2001. Naquele ano a dupla foi de Tapiraí (SP) a Palmas, no Tocantins, em 14 dias de caminhada e a ajuda de 36 caronas.
Na virada do ano de 2003 para 2004 os aventureiros foram de Sorocaba a Mafra (SC) em uma semana de andança e a ajuda de 18 caronas. Em 2007 a caminhada se tornou internacional – Araçariguama-Asunción – com passagem por Andresito, Wanda e Puerto Iguazu, na Argentina.
A escolha de Canudos para a quarta aventura se deu devido ao valor histórico da cidade e à vontade que conhecer o interior do nordeste.
Neco Mineiro.
A aventura, que chega agora na sua quarta edição, homenageia o caboclo Manoel Moreira Castilho, avô paterno do jornalista Jesus Vicente.

Avesso à montaria, meio de transporte número um dos caboclos da roça, Neco Mineiro, como era conhecido, percorria léguas e léguas a pé para visitar os filhos e netos.
Por esse motivo, Jesus Vicente resolveu homenagear o avô em 2001. Como o passeio foi um sucesso, a aventura será realizada pela quarta vez.


Trecho deserto no município de Campina da Loga, no Paraná; um dia sem carona














Canudos e Conselheiro

Antônio Vicente Mendes Maciel nasceu em 13 março de 1830 em Quixeramobim, pequeno povoado perdido no meio da caatinga cearense. Filho de familia mediana, desde seu nascimento seus pais queriam que Antônio seguisse a carreira sacerdotal.
Mas com a morte de sua mãe, quando ele tinha apenas anos, a meta de transformar Antônio Vicente em padre se acaba. Seu pai se casa novamente e o menino teria sofrido maus tratos da madastra.
Em 1855, quando tinha 25 anos, Antônio perde o pai e é obrigado a abandonar os estudos e assumir o comércio da família.
Os  negócios não vão bem e mais tarde Antônio é processado devido ao não-pagamento de dívidas.
Ao 27 anos Antônio se casa com Brasilina Laurentina de Lima,  sua prima. Com um ano de casado eles se mudam para Sobral e Antônio Vicente passa a viver como professor e mais tarde como advogado prático.
Em 1861 ele flagra Brasilina, em casa, lhe traindo com um sargento da polícia. Envergonhado, humilhado e abatido, abandona a cidade de Ipu, onde vivia, e procura abrigo nos sertões do Cariri, onde começa  suas peregrinações pelo Nordeste.
Em 1874 o jornal O Rabudo faz a primeira menção pública de Antônio Maciel, citando-o como “aventureiro santarrão [...] figura mais degrante do mundo”.
Dois anos depois Antônio já reúne fama como "homem santo" e ganha o apelido de  Antônio Conselheiro. Neste período é preso sob acusação falsa de que teria matado a mãe e a esposa. A falsidade se confirma e Conselheiro é posto em liberdade e retorna à Bahia.
Nesta época Conselheiro também intensifica suas peregrinações por todo o Nordeste e passar a reformar e construir cemitérios e igrejas.
Em 1893, cansado das peregrinações e tido com um "fora da lei", Conselheiro fixa-se à margem norte do rio Vaza-Barris, num pequeno arraial chamado Canudos. Em menos de 5 décadas, atraídos por sua fama e pelo novo modelo de sociedade, onde não se cobrava impostos, Canudos reuniu aproximadamente 25 mil pessoas, passando a ser a terceira maior cidade da Bahia.
Batizado de Belo Monte, todos da comunidade tinham acesso à terra e ao trabalho sem sofrer a opressão dos capatazes das fazendas tradicionais. Um "lugar santo", segundo os seus adeptos.
Os fazendeiros, a Igreja e o Estado vêem seus poderes ameaçados e começam a se articular em busca de uma "solução" ao problema.
A Gerra
Em 24 de dezembro de 1886 ocorre o episódio que desencadeia a Guerra de Canudos. O Exércio manda a primeira expedição militar ao local, sob comando do tenente Pires Ferreira. Mas a tropa é surpreendida pelo homens de Conselheiro, durante a madrugada, em Uauá, cidade vizinha.
O confronto deixou mais de 150 Conselheiristas mortos. Mesmo somando apenas dez baixas [8 soldados e 2 guias] o tenente Pires bateu em retirada.
Cinco dias depois uma segunda expedição militar vai a Canudos. Assim como a primeira, esta expedição foi violentamente debelada pelos Conselheiristas.
O ano segunte começa com a terceira expedição contra Canudos, comandada desta vez pelo capitão Antônio Moreira César, conhecido com o Corta-Cabeças", por suas façanhas na Revolução Federalista no Rio Grande do Sul.
Acostumado aos combates tradicionais, Moreira César não estava preparado para enfrentar Canudos. Ele foi morto a tiros assim que chegou ao arraial. A tropa foge em debandada, deixando para trás farto armamento e munição.
Em 5 e abril de 1897 tem início a quarta e última expedição contra Canudos; desta vez o cerco foi implacável. O Exército  Brasileiro usou artilharia pesada, mobilizou mais de 5 mil homens e seis meses depois Canudos era totalmente destruída e todos os seus habitantes mortos. 

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